Outonos insanos
Outonos dos anos insanos de agora,
não mais os outonos dos anos de outrora,
outonos que o tempo agoniza e a Terra chora,
outonos que a mãe perde a cria e a árvore implora
que a lâmina fria não faça de si outra tora,
da flor, folha e fruto, moeda e penhora,
rendida Mãe Natureza, à Morte vendida,
já não mais amada, perplexa, ferida,
fazendo daqueles outonos, cruéis despedidas
das luzes da aurora nas chamas cadentes,
do Sol, do luar, do céu descontente,
traçando estações cada vez mais ausentes
de flor e perfume, de fruto e sabor,
de alma, magia, graça, beleza e cor,
guaridas da dor em longos invernos,
à tona apenas trazendo os infernos
da raça que a Luz encontrou sem amor...
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